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Clínica do Leite, Sanidade

Estafilococos não-aureus e aumento da CCS

Um estafilococos não-aureus pode ser o responsável pelo aumento da contagem de células somáticas nos tanques de leite de propriedades que operam em sistemas diversos.

Estafilococos não-aureus e aumento da CCS

Staphylococci são as bactérias mais prevalentes isoladas de secreções mamárias bovinas. No passado, as chamaríamos de ECN, os estafilococos coagulasenegativos. No entanto, outro esquema de classificação adotado recentemente na literatura sobre mastite envolve o agrupamento de todos os Staphylococci, exceto S. aureus, na categoria única de Staphylococci não-aureus (SNA). SNA são tradicionalmente classificados como patógenos menores e de importância limitada como causa das mastites subclínica e clínica. Na maioria das situações, o grupo causa apenas leve aumento na contagem das células somáticas (CCS). A prevalência de mastite por SNA é maior em vacas de primeira lactação do que em vacas mais velhas – e não são considerados tão patogênicos quanto outros microrganismos. Os SNA tornaram-se, entretanto, os isolados de mastite bovina mais comuns em muitos países, e as espécies Staphylococcus chromogenes e Staphylococcus simulans são atualmente os SNA predominantes nas ocorrências de mastite em vacas de leite: S. chromogenes afeta vacas de primeira lactação e mais velhas, enquanto S. simulans é isolado com maior frequência em vacas mais velhas.


Mais sobre o tema
Em estudo canadense, 50% dos isolados de SNA eram S. chromogenes, o qual também foi prevalente em estudo belga. De todas as espécies de SNA, as amostras de leite positivas para S. chromogenes tiveram a maior CCS, seguida por S. epidermidis e S. simulans. Também foi relatado que S. chromogenes é responsável por elevar significativamente a CCS em vacas portadoras de mastite subclínica persistente, bem como maiores respostas inflamatórias e sinais clínicos mais pronunciados na mastite. Um estudo reportou que o aumento de CCS foi três vezes maior em casos de mastite causada por SNA em pequenos ruminantes, quando comparado aos casos clínicos de bovinos. Outro trabalho científico relatou ter identificado resposta imune induzida em caprinos inoculados com S. chromogenes.



Um mistério para resolver
Há alguns anos, nos deparamos com uma situação desafiadora: um de nossos clientes regulares estava com a CCS de tanque superior a 200 mil células/ml. Para investigar o problema, realizamos cultura do leite produzido por cada vaca do rebanho, a cada seis meses, durante dois anos. Identificamos, enfim, apenas duas vacas com S. aureus – uma delas foi vendida e a outra era ordenhada por último. A situação que era apresentada não se encaixava em nosso padrão usual, pois deveríamos ter detectado mais culturas com S. aureus, se esse fosse o problema primário. Nenhum outro patógeno importante foi detectado, embora tenha sido identificado SNA em 52% das amostras compostas. Para dar sequência à investigação, enviamos todos as amostras com SNA para o laboratório especializado e, surpreendentemente, 90% voltou como S. chromogenes e 10% como S. equorum .

S. CHROMOGENES AFETA VACAS DE PRIMEIRA LACTAÇÃO E MAIS VELHAS, ENQUANTO S. SIMULANS É ISOLADO COM MAIOR FREQUÊNCIA EM VACAS MAIS VELHAS  

Após discussão com o produtor, decidimos inscrevê-lo num pequeno projeto no qual fizemos culturas individuais de quartos e análise de CCS em todas as vacas, durante os dois anos seguintes, para rastrear se o S. chromogenes era responsável pelo aumento crônico da CCS. Na ordenha, as vacas positivas para S. chromogenes passaram a ser ordenhadas por último e as vacas com uma a duas semanas pós-parto também passaram a fornecer amostras para as análises. Nessa fazenda, não era usado antibiótico durante a lactação, portanto nenhuma vacas S. chromogenes foi tratadas. Após a primeira rodada das culturas individuais de quartos, foi percebido que o S. chromogenes estava desempenhando papel significativo no aumento da CCS do tanque, já que 48% das amostras de um quarto eram superiores a 500 mil células/ml de S. chromogenes.

Outros 16% foram devidos aos S. aureus, Strep. uberis e os demais com cultura negativa. Seis meses depois, resultado semelhante foi obtido em 42% das amostras de um quarto com mais de 500 mil células/ml de S. chromogenes. A segunda descoberta relevante foi que 75% dos quartos que anteriormente apresentaram S. chromogenes ainda eram positivos, ainda que seis meses depois. Mais uma questão que ficou evidente foi que outros 23% de vacas foram identificados com um novo caso de S. chromogenes – isso contribuiu para entendermos o cenário desafiador da fazenda.


Plano de jogo
O rebanho passou a receber seletivamente antibiótico para vaca seca nas vacas positivas para S. chromogenes, no momento da secagem. Além disso, a ordenha por último das vacas positivas para S. chromogenes e a cultura de todas as vacas recémparidas foram continuadas. Por fim, foram revisados os procedimentos de ordenha com os colaboradores do setor. Ao longo do ano seguinte, observamos muitas vacas curadas do S. chromogenes, por ação dos antibióticos para vacas secas. Gradualmente, o número de vacas positivas para S. chromogenes caiu e a CCS do tanque finalmente declinou para menos de 200 mil células/ml.
Com base nesse pequeno ensaio de campo e nos dados de outros pesquisadores, acreditamos que o S. chromogenes pode atuar como importante patógeno nos rebanhos leiteiros, além de estar associado aos quartos com alta CCS e, até mesmo, quartos com CCS alta e crônica. O rebanho analisado sinalizava para o padrão de mastite contagiosa, já que parecia haver disseminação de vaca para vaca. Contudo, não fizemos tipagem de linhagem para provar isso definitivamente. Se seu rebanho encontra-se em situação semelhante, pode valer a pena explorar mais os estafilococos nãoaureus, para determinar se a espécie S. chromogenes passou a desempenhar papel significativo no seu sistema produtivo.  





PAOLO MORONI E PAUL VIRKLER - Serviços de Qualidade do Leite, Universidade de Cornell (EUA)


ADAPTAÇÃO: EQUIPE REVISTA LEITE INTEGRAL ADAPTADO DE “A STAPH NOT NAMED AUREUS MAY BE RAISING CELL COUNTS”, DA EDIÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 2023, DA HOARD’S DAIRYMAN REPUBLICAÇÃO AUTORIZADA DA EDIÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 2023, DA HOARD’S DAIRYMAN. COPYRIGHT 2021 BY W.D. HOARD & SONS COMPANY, FORT ATKINSON, WISCONSIN.


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