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Clínica do Leite, Qualidade do Leite

FAQ MAIS LEITE: Terapia de Vacas Secas

Descubra tudo sobre a terapia de vacas secas nas respostas elaboradas pela Mais Leite às perguntas mais comuns e promova a saúde da glândula mamária do seu rebanho

FAQ MAIS LEITE: Terapia de Vacas Secas

1. Qual é o objetivo da terapia de vacas secas (TVS)?
O principal objetivo da TVS é prevenir novas infecções durante o período seco e tratar as infecções pré-existentes não tratadas durante a lactação. Ao utilizar medicamentos antimicrobianos de longa duração, se forem adequados ao microrganismo envolvido, espera-se alta taxa de cura quando o animal parir. Durante o período seco, ocorre a involução da glândula mamária e a preparação do animal para uma nova lactação. A saúde dessa glândula no pós-parto está diretamente relacionada à produção de leite durante a lactação subsequente.

 
O período seco abrange os últimos dois meses de gestação e é crucial adotar práticas especiais para garantir boas condições de parto e preservar a saúde dos animais

2. Como selecionar o protocolo de tratamento apropriado a ser utilizado?
A seleção do protocolo de tratamento deve levar em consideração os agentes predominantes no rebanho e a duração do período seco utilizado na fazenda. Por exemplo, se houver um perfil contagioso com a presença de Staphylococcus aureus, é recomendado o uso de cefalosporinas de 3ª ou 4ª geração. Em casos de animais com baixa contagem de células somáticas (CCS) e sem histórico de mastite clínica durante a lactação, pode-se optar por bases de amplo espectro, que podem ter custo menor para a fazenda. Outra opção é avaliar a viabilidade de implementar a TVS seletiva. Quando a vaca é seca devido à gestação, geralmente a secagem é realizada de 45 a 60 dias antes do parto, e é importante adequar o período de carência do antibiótico utilizado. Esses são os principais critérios a serem considerados na escolha do antibiótico para o tratamento.

3. Quais são os principais impactos negativos decorrentes da não utilização da TVS?
A ausência de TVS resulta em diversos prejuízos significativos. Quando as vacas não recebem esse tratamento, há maior probabilidade de parirem com infecções intramamárias, o que resulta em alta CCS e redução na produção de leite durante a lactação. Além disso, o risco de ocorrência de mastite clínica também aumenta. Esse cenário cria um ciclo de contaminação, uma vez que os animais não têm a oportunidade de se curar das infecções existentes e até mesmo podem ser infectados durante o período seco. Consequentemente, animais que deveriam estar saudáveis entram na lactação, colocando em risco outros animais. Isso dificulta o controle das infecções em todo o rebanho, e ao longo do tempo, a produção de leite não evolui de forma adequada.

O PRINCIPAL OBJETIVO DA TVS É PREVENIR NOVAS INFECÇÕES DURANTE O PERÍODO SECO E TRATAR AS INFECÇÕES PRÉEXISTENTES NÃO TRATADAS DURANTE A LACTAÇÃO

4. Ainda existem fazendas que não adotam a TVS?
Infelizmente ainda existem fazendas onde os produtores optam por não utilizar a TVS em nenhum animal ou a aplicam apenas em alguns, indicando a falta de protocolo adequado de secagem. São propriedades que geralmente apresentam menor produtividade por vaca e ainda acreditam no “mito” de que devido aos animais estarem produzindo pouco, não há necessidade de realizar o protocolo de secagem. Além disso, essas fazendas possuem pouco ou nenhum controle sobre a situação reprodutiva das vacas, ressaltando a necessidade de aprimorar o controle zootécnico como um todo.

5. Qual é o papel do selante no processo de secagem das vacas?
Durante o período seco, ocorrem diferentes mecanismos fisiológicos na glândula mamária, incluindo a formação do tampão de queratina no canal do teto. Esse tampão desempenha o papel de defesa ao atuar como barreira física contra patógenos que podem causar mastite. No entanto, a formação completa do tampão pode levar cerca de 15 dias e, em alguns casos, pode ocorrer falhas ou atrasos em sua formação, aumentando o risco de infecções intramamárias durante o período seco. Para lidar com esse desafio, o uso do selante interno, contendo formulações inertes, como o subnitrato de bismuto, desempenha função semelhante à do tampão de queratina, atuando como uma barreira física e proporcionando proteção durante esse período crítico de maior exposição a infecções de origem ambiental. Estudos demonstram que a falta de utilização do selante durante a secagem aumenta as chances de infecções intramamárias em 1,7 vezes e de mastite subclínica no pós-parto em 1,9 vezes.

6. Quais são as etapas do processo de secagem dentro da glândula mamária e como otimizá-lo?

Existem três fases distintas no período seco: involução ativa, involução completa e lactogênese ou colostrogênese.

 1. A fase de involução ativa ocorre logo após a secagem do animal e dura até 21 dias após a interrupção da ordenha. É uma etapa de maior risco, especialmente nos primeiros três dias após a secagem da vaca, devido ao aumento da pressão intramamária e ao maior risco de novas infecções.
2. A fase de involução completa é caracterizada pela ausência de secreção no úbere, apresentando concentrações mais elevadas de lactoferrinas e imunoglobulinas. Nessa fase, o risco de infecções é menor.
3. A fase de lactogênese é marcada por alterações hormonais e pela formação do colostro. Ocorre de 14 a 21 dias antes do parto, devido ao aumento da pressão interna e às mudanças hormonais. Essa fase também representa maior risco. A otimização do processo consiste no auxílio da formação do tampão de queratina, que em condições normais ocorreria na fase de involução ativa, cerca de duas semanas após a secagem. Antes disso, o teto estaria mais vulnerável, de forma que o selante de tetos é uma estratégia preventiva para bloquear a comunicação do meio externo e interno e evitar que novas infecções nesse período de maior risco ocorram.

 
Selante interno de tetos localizado na base da cisterna do teto, 56 dias após a secagem (imagem radiográfi ca). Xanxerê/SC (2006)

7. O ambiente em que a vaca fica durante o período seco influencia na saúde pós-parto?
A disponibilidade de um ambiente limpo, seco, com boa ventilação e conforto reduz os riscos da ocorrência de mastite após o parto. Estudos mostraram que vacas que passaram duas semanas em um sistema de pastejo rotacionado tiveram menos chances de desenvolver mastite no pós-parto em comparação com aquelas que permaneceram por mais de quatro semanas (Verde et al., 2007). Isso ocorre porque os patógenos ambientais causadores de mastite preferem condições orgânicas quentes e úmidas (Hogan e Smith, 2003). Esses patógenos têm maior tempo de sobrevivência e representam risco maior em comparação com ambientes adequadamente condicionados.

8. Quais são os critérios para a utilização da TVS seletiva e como ela funciona?
Com a crescente pressão para reduzir o uso de antibióticos, a TVS seletiva tem se destacado como alternativa que evita o uso de antibióticos em vacas saudáveis, utilizando apenas o selante interno. No entanto, para implementar a TVS seletiva, é necessário ser criterioso para evitar riscos em um momento crítico. Alguns pontos a serem considerados incluem:
a) controle da CCS no tanque abaixo de 200 mil células/mL;
b) controle do Staphylococcus aureus e, principalmente, erradicação do Streptococcus agalactiae;
c) ambiente de vaca seca e pré-parto com limpeza adequada e conforto, garantindo a ausência de risco de novas infecções;
d) monitoramento mensal da CCS do rebanho para acompanhar a dinâmica de infecção e os resultados do período seco;
e) realização de cultura de secagem e pós-parto para identifi car possíveis infecções.

 
Se não houver crescimento microbiano na placa, significa que não foram encontrados microrganismos patogênicos na amostra e a vaca pode ser considerada apta para a TVS seletiva, se preencher os outros critérios. Nesse caso, apenas o selante interno é utilizado para proteger o úbere contra possíveis infecções durante o período de secagem

As vacas elegíveis para a TVS seletiva são aquelas que atendem aos seguintes critérios:
a) média de CCS na lactação abaixo de 150 mil células/mL;
b) cultura negativa na data de secagem;
c) ausência de casos de mastite clínica durante a lactação;
d) escore de esfíncter de grau 1 ou 2;
Para as vacas aptas à TVS seletiva, no período de secagem definido pela fazenda (geralmente de 45 a 60 dias antes da data prevista para o parto), realiza-se a última ordenha, esgotando completamente o leite, e aplica-se o selante. No caso das vacas que não receberão a TVS seletiva, é recomendado secá-las com produções menores ou utilizar tecnologias que auxiliem na secagem mais rápida.

9. Quais são os resultados alcançados com a TVS seletiva?
Em fazendas que seguem corretamente as indicações para o uso da TVS seletiva, observam-se taxas de eficiência que variam de 50% a 100%, dependendo da época do ano, sendo melhores durante o período seco, enquanto pioram durante o período das águas. Estudo realizado em parceria pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, juntamente com outras universidades, comparou diferentes abordagens terapêuticas, incluindo TVS convencional, TVS seletiva baseada em registros e TVS seletiva baseada em cultura microbiológica. O estudo constatou taxa de cura de 87,5% para infecções intramamárias existentes e risco de 20,1% para novas infecções em todos os tratamentos. Vale ressaltar que, nesse estudo, a TVS foi aplicada em tetos específicos, resultando em uma economia de aproximadamente 55% nos medicamentos utilizados.

 

10. Quais são as principais metas a serem alcançadas para promover a saúde da glândula mamária no período pós-parto?
A avaliação da eficácia da TVS deve ser realizada durante o período pós-parto, geralmente entre 7 e 30 dias após o parto, por meio da coleta e análise individual da CCS. Isso permite avaliar se a vaca teve um parto saudável, se ocorreu a cura de infecções pré-existentes, se houve ocorrência de novas infecções ou se a infecção persiste de forma crônica. A meta estabelecida para a eficácia da TVS é de igual ou superior a 80%.
Além disso, outro indicador importante é a incidência de mastite clínica nos 30 dias após a data de parto. Essa análise permite avaliar o impacto do ambiente, da imunidade e do processo de secagem das vacas. A meta estabelecida para a incidência de mastite clínica é de até 3%. Esse monitoramento regular é fundamental para que a fazenda possa avaliar se os protocolos adotados estão alcançando a eficácia esperada e se ajustes são necessários para atingir as metas estabelecidas.

EM FAZENDAS QUE SEGUEM CORRETAMENTE AS INDICAÇÕES PARA O USO DA TVS SELETIVA, OBSERVAM-SE TAXAS DE EFICIÊNCIA QUE VARIAM DE 50% A 100%, DEPENDENDO DA ÉPOCA DO ANO, SENDO MELHORES DURANTE O PERÍODO SECO, ENQUANTO PIORAM DURANTE O PERÍODO DAS ÁGUAS







PÂMELA MICHELI FURINI - Médica Veterinária, Consultora e Sócia-Fundadora da Mais Leite
MARINA FERREIRA BORGES - Médica Veterinária e Consultora Júnior da Mais Leite
ISADORA MARUGEIRO DE PAULA TEODORO - Médica Veterinária e Trainee da Mais Leite
MARIANA BRANT DRUMOND MAGALHÃES DORNAS - Médica Veterinária, Consultora e Sócia-Fundadora da Mais Leite
LUIZA DELMONDES - Graduanda em Medicina Veterinária e Estagiária da Mais Leite





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