FAZENDA SÃO FRANCISCO/Geraldo Vieira Maia/Passos/MG

As curvas do Rio Grande são acompanhadas pela imensidão da Serra da Canastra. Em dias de céu azul, sem nuvens à vista, os morros se pintam de cores e o verde se estende até as alturas, formando um cenário deslumbrante para os olhos e a alma. Em um desses encontros entre as águas e a terra, a Fazenda São Francisco, localizada em Passos/MG, é agraciada diariamente pela beleza natural, adornada pelo imponente rebanho Girolando. Geraldo Vieira Maia, Sócio-Proprietário, relata que as mudanças de estação são especialmente notadas nesse cenário, mas admite que, mesmo diante de tanta beleza, é possível se acostumar com o esplendor que a natureza proporciona. 

A marca vem do nome

 Não faltam histórias para contar sobre a Fazenda São Francisco, mas o primeiro nome a ser mencionado é o do precursor de toda a trajetória empreendedora da grande família Maia: o Sr. Geraldo Ferreira Maia. Ele envolveu os seus nove filhos no olhar protagonista dos negócios. “Meu pai sempre esteve envolvido com a produção de café, gado de corte e suinocultura, mas até o final da vida, se dedicou à pecuária leiteira”, relembra Geraldo Vieira Maia. Ele e seu irmão, Heraldo Vieira Maia, são responsáveis pela administração da fazenda e compartilham a sociedade com as irmãs. Heraldo destaca que o pai era reconhecido pela gentileza e pelas frases precisas, sempre certeiras. “Aprendi com meu pai que o negócio deve ser vantajoso para as partes envolvidas. Pratiquei o hábito de ouvir a todos e tomar decisões a partir disso”. Esse protagonismo parece ecoar nas paredes da sede da fazenda e refletir no comportamento dos filhos, agora à frente dos negócios. A marca GM, que traz as iniciais do nome do pai, teve sua logomarca criada pela mãe na década de 1970 e se tornou conhecida Brasil afora pela comercialização da genética Girolando.

 

Essa raça, genuinamente brasileira, é caracterizada por animais com alta produção leiteira e rusticidade. “Ao longo dos anos, com árduo trabalho e estabilização genética, desenvolvemos a raça Girolando na fazenda, tornando-a uma opção que mescla rusticidade e alta produção”. Naquela época, os exemplares da raça Girolando existiam de forma limitada. Foi então que meu pai decidiu empenhar-se na melhoria constante da genética visando à comercialização. Hoje, cerca de 60% da receita da fazenda provém do comércio dos animais Girolando, resultado de 50 anos de trabalho dedicado à seleção genética. Não é uma tarefa fácil!”, reflete Geraldo. Entre as preciosas lições aprendidas com seu pai, Geraldo destaca: “É essencial manter a dedicação em todas as atividades que você empreende. Se, porventura, enfrentar desafios no início, lembre-se de que, com o tempo, é possível alcançar melhorias significativas”. A busca incessante pelo aprimoramento genético na Fazenda São Francisco é jornada sem fim.
A cada geração de animais, a família Maia trabalha incansavelmente para refinar as características desejáveis, tornando os animais ainda mais adaptáveis e produtivos. Esse comprometimento com o progresso contínuo é o que impulsiona o sucesso da fazenda e a consolida como referência na criação de animais da raça Girolando. 

Vem de berço
O trabalho na Fazenda São Francisco inicia com as transferências de embriões, realizadas uma vez por semana. Essa prática se mostra como a melhor forma de aprimorar as características do rebanho em curto espaço de tempo. Geraldo destaca a importância desse processo ao afirmar: “Por meio de cuidadosa análise e acompanhamento, buscamos aprimorar as características desejáveis em cada exemplar, visando não apenas a produção leiteira, mas também a resistência e adaptabilidade ao ambiente”.

Diante desse compromisso com a qualidade genética dos animais, a otimização do intervalo entre partos gera mais bezerras e aumenta a produtividade. Assim, o bezerreiro recebe cuidados especiais e ocupa uma área que anteriormente era destinada à suinocultura. Quem explica o funcionamento desse setor é Wesley Silva Maia, filho de Heraldo, que se dedica à fazenda junto com o pai e o tio. Ele enfatiza que desde os primeiros dias de vida, as bezerras são cuidadosamente monitoradas. O bezerreiro possui gaiolas suspensas, proporcionando ambiente individualizado e adequado para cada animal, e segue protocolos de alimentação específicos para cada etapa, garantindo o desenvolvimento ideal. As bezerras começam a ser alimentadas com sete litros de leite por dia, divididos em dois momentos, além de receberem ração gradualmente. O processo de desaleitamento ocorre em torno de 80 dias, momento em que passam a circular entre os piquetes até atingirem a fase de reprodução, quando atingem 18 meses.

AO LONGO DOS ANOS, COM ÁRDUO TRABALHO E ESTABILIZAÇÃO GENÉTICA, DESENVOLVEMOS A RAÇA GIROLANDO NA FAZENDA, TORNANDO-A UMA OPÇÃO QUE MESCLA RUSTICIDADE E ALTA PRODUÇÃO  

 

 

O melhor ambiente

 O sistema produtivo mais adequado para fazendas leiteiras depende das características específicas do rebanho, bem como dos recursos físicos e econômicos disponíveis. Na Fazenda São Francisco, optou-se por criar o rebanho Girolando utilizando o sistema de semiconfinamento. Nesse método, durante o período das águas, os animais se alimentam do pasto disponível, enquanto na época da seca, são suplementados com alimento fornecido no cocho.
Como em qualquer estrutura produtiva, existem desafios a serem enfrentados, mas as vantagens se sobressaem, como o aumento da produção diária de leite e o retorno mais rápido sobre os investimentos. Além disso, o sistema proporciona maior flexibilidade operacional. No entanto, é importante ressaltar que, devido à necessidade de contar com a alimentação suplementar e a disponibilidade de boas pastagens, os aspectos nutricionais ganham importância ainda maior nesse contexto.

Com o propósito de substituir antibióticos e ionóforos, um blend de óleos essenciais é adicionado à dieta das vacas em produção, resultando em incremento de produtividade

 
Aprimorar a genética dos animais é um dos objetivos dos gestores da Fazenda São Francisco

Wesley explica que durante o período das águas, é necessário fornecer uma fonte energética que tem como base o fubá, juntamente com soja e suplemento mineral. Já na época de seca, a nutrição passa a incluir proteínas concentradas, visando promover o ganho de peso e acelerar o protocolo de reprodução. Um ponto crucial da presença dos nutricionistas na fazenda é a análise da forragem, que ajuda a otimizar a composição do silo, evitando perdas e garantindo um alimento de qualidade para o rebanho. “Esse acompanhamento constante é fundamental para a nutrição eficiente na fazenda. A presença da equipe de nutricionistas é sempre bem-vinda para nos auxiliar e garantir resultados positivos”, confirma Geraldo.
“Nosso maior objetivo em termos nutricionais é melhorar a produtividade sem aumentar os custos para a fazenda. A princípio, esse era o maior desafio, extrair o máximo do potencial genético após anos de seleção e adequado uso do sistema semi-intensivo. Hoje, nosso foco é buscar cada vez mais a saúde e aumentar a produção”, afirma Benedito Rennó, Consultor Técnico e Comercial da dsm-firmenich e responsável pela nutrição com uso dos produtos Tortuga ® da Fazenda São Francisco.
Para alcançar esses objetivos, um mix de óleos essenciais e calcidiol (novo formato de vitamina D mais efetivo) é utilizado na alimentação das vacas em produção com o intuito de substituir o uso de antibióticos e ionóforos, gerando aumento de produtividade. Esse blend proporciona ótima fermentação ruminal, aumento no consumo de alimento, redução de distúrbios metabólicos, modulação na degradação de proteínas no rúmen e, consequentemente, aumento na produção de leite. Os resultados positivos são comprovados diariamente nas duas ordenhas realizadas.

 PARA ALCANÇAR ESSES OBETIVOS, UM MIX DE ÓLEOS ESSENCIAIS E CALCIDIOL (NOVO FORMATO DE VITAMINA D MAIS EFETIVO) É UTILIZADO NA ALIMENTAÇÃO DAS VACAS EM PRODUÇÃO COM O INTUITO DE SUBSTITUIR O USO DE ANTIBIÓTICOS E IONÓFOROS, GERANDO AUMENTO DE PRODUTIVIDADE

 
No âmbito das boas práticas de produção, é essencial levar em consideração o bem-estar das pessoas encarregadas do planejamento, da implementação e da manutenção dos processos produtivos

Resultados atestados
O leite produzido na Fazenda São Francisco é comercializado por meio de uma associação que faz a venda conjunta para alguns laticínios. Letícia Rodrigues Fonseca Andrade, Engenheira Agrônoma, proprietária da empresa LRF Gestão da Qualidade e consultora na fazenda, explica que a associação atua como intermediária para fortalecer os produtores em relação ao preço recebido pelo leite. Esse preço é determinado pelo volume de leite produzido e pelos teores de gordura e proteína. Dessa forma, quanto maior o volume de leite e menor a CCS (Contagem de Células Somáticas) e CPP (Contagem Padrão em Placas), melhor o preço recebido.

Para alcançar esse alto padrão de qualidade, são realizadas análises individuais da CCS das vacas mensalmente na Clínica do Leite, com o objetivo de identificar qualquer contaminação ou infecção. A partir dessas análises, são tratados os animais afetados e o leite é separado, não sendo adicionado ao tanque. Além disso, é avaliado o perfil das bactérias presentes para buscar formas de melhoria. Os resultados dessas ações, associadas à nutrição, genética e bem-estar animal, são muito positivos, com média de produção de 27 litros de leite por dia e animais chegando a produzir mais de 50 litros diários, o que é considerado altamente produtivo, conforme mencionado por Geraldo.

O LEITE PRODUZIDO NA FAZENDA SÃO FRANCISCO É COMERCIALIZADO POR MEIO DE UMA ASSOCIAÇÃO QUE FAZ A VENDA CONJUNTA PARA ALGUNS LATICÍNIOS

Genética e produção 

Das maiores heranças recebidas, Geraldo, Heraldo, seus irmãos e as demais gerações da família, acolheram a coragem de empreender e correr riscos calculados. As palavras do pai e a sensibilidade da mãe, mesmo na ausência física, se perpetuam nos nomes e sobrenomes e dão a credibilidade necessária para a continuação do legado. Mais do que genética de excelência, a marca GM carrega a história da família Maia e da Fazenda São Francisco.