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Gestão, Manejo, Sanidade

Ordenha automatizada

Ajustar aspectos estruturais e de manejo é a cereja do bolo para aumentar a eficiência do sistema de ordenha automatizado.

Ordenha automatizada

Com o mercado de trabalho bastante disputado e a tecnologia em constante aprimoramento, os sistemas de ordenha automatizados foram adotados exponencialmente, principalmente na América do Norte, revolucionando o sistema de gerenciamento de vacas leiteiras. 

Em pesquisas anteriores, demonstramos que os principais benefícios da adoção do sistema de ordenha automatizado incluem redução do estresse animal e otimização de mão de obra, além da maior flexibilidade do tempo de execução das tarefas. Essas vantagens favorecem fazendas menores e aquelas que desejam expandir sua produção para permanecerem competitivas no mercado, sem contratações adicionais. Ainda, observamos fazendas de larga escala de produção adotando robôs, num esforço para combater custos crescentes e escassez de mão de obra.

Do ponto de vista da vaca, o sistema de ordenha automatizado permite que tenham maior liberdade para passar o tempo e expressar comportamentos naturais, e isso pode ser traduzido em maior saúde e produção, conforme relatado pelos próprios produtores que adotaram o sistema. 

Embora os benefícios associados à adoção do sistema de ordenha automatizado sejam possíveis, nem sempre são observados, em função de impedimentos relacionados às situações em que as vacas não estão ordenhando voluntariamente, ou seja, quando a frequência da ordenha é insuficiente. A dieta, tanto a fornecida no cocho quanto na unidade automatizada, pode incentivar a ordenha voluntária, mas outros fatores também são significativos. 

Recentemente, em estudo de benchmarking de 197 fazendas canadenses que possuem sistema de ordenha automatizado, exploramos quais fatores estruturais e de manejo estão associados à maior produção e qualidade do leite. Nada surpreendente foi observado. Alguns dos principais fatores identificados são compatíveis com os observados em fazendas que possuem ordenha convencional, e estão relacionados, principalmente, à garantia do acesso adequado ao alimento e à manutenção do ambiente, incluindo conforto e higiene do espaço.  


ACESSO AO ALIMENTO

Em nosso estudo, com relação à disponibilidade do concentrado, as fazendas com sistema de ordenha automatizado e maior produção por vaca/dia têm maior frequência do manejo de aproximação do alimento ao cocho e maior espaço de cocho por vaca. A aproximação do alimento ao cocho acontece, em média, 12,8 vezes por dia, com variação entre zero e 32 aproximações.

Nesse intervalo, cada conjunto de cinco aproximações adicionais por dia está associado ao aumento de 0,35 kg de leite/vaca/dia. O resultado corrobora o estudo conduzido em fazendas do meio-oeste dos Estados Unidos que possuem sistema de ordenha automatizado: propriedades que utilizam aproximadores de alimento robóticos contabilizaram aumento de 4,9 kg leite/ vaca/dia, comparadas às fazendas nas quais a ração é empurrada manualmente ou com máquina operada por humanos. Das fazendas canadenses, 71,1% usam aproximadores de alimento robóticos, com média de 16,8 aproximações ao dia, enquanto nas propriedades em que o sistema manual é utilizado, somam-se apenas 4,4 aproximações por dia. 

Dessa forma, torna-se possível afirmar que os resultados observados em ambos os estudos tenham sido motivados pela frequência com que o alimento foi aproximada ao cocho e não pelo método de aproximação em si. Portanto, o emprego da tecnologia robótica, em muitos casos, garante que a tarefa seja realmente concluída, com frequência sufi ciente e de maneira consistente.  

Curiosamente, em dois estudos anteriores, demonstramos que a maior frequência de aproximação do alimento ao cocho, em fazendas com sistema de ordenha automatizado, está associada à maior duração do tempo em descanso das vacas. Demonstramos, também, que o momento da ordenha no sistema automatizado está, muitas vezes, ligado ao consumo de dieta no cocho, o qual é influenciado pela entrega e reaproximação do alimento. Nesse sistema, ao fornecer e aumentar a frequência de aproximação do alimento, não estamos apenas garantindo o uso eficiente do tempo de descanso das vacas, mas promovendo maior consumo da dieta, o que resulta em maiores frequência de ordenha e produção de leite.


ESPAÇAMENTO DO COCHO

Outro fator relacionado ao acesso ao alimento e, por consequência, à produção de leite, é o espaçamento do cocho. A média é de 64 cm/vaca, com a maioria dos rebanhos fornecendo entre 42,4 e 85,3 cm/vaca, sendo que o ganho de 10 cm/vaca está associado ao aumento de 0,3 kg de leite/vaca/dia.  

Os resultados de nossa pesquisa contradizem o pensamento de que vacas alojadas em sistemas de Composto ou outra estrutura semelhante, e ordenhadas em sistema automatizado, não seguem, necessariamente, o mesmo horário de alimentação, o que permitiria um dimensionamento menor do espaço de cocho para os animais. Pela segunda vez, observamos a associação positiva entre o espaçamento de cocho e a produção média de leite por vaca, em fazendas com sistema de ordenha automatizado.

Da mesma forma que empurrar o alimento com maior frequência, preconizar maior espaço no cocho minimiza o risco de as vacas passarem muito tempo em pé, esperando acesso ao alimento. A análise adicional de 75 fazendas em nosso conjunto de dados (Ontário/ Canadá) confirma essa afirmativa: demonstramos que, para cada ganho de 10 cm/vaca em espaço de cocho, há queda de 1,7% na prevalência de laminite clínica. Essa condição, determinada como dificuldade ao caminhar ou claudicação moderada do animal, tem prevalência média de 28% no rebanho, variando entre 10% e 67%. 

Foto 1. Espaçamento adequado da pista de alimentação é essencial para impedir disputa por acesso ao alimento. 

Em estudo anterior, demonstramos que o tempo em repouso está positivamente associado ao maior espaçamento do cocho. Sendo assim, a relação negativa relatada no estudo entre espaçamento de cocho por vaca e prevalência de laminite clínica pode ser reflexo de vacas que, mesmo com mais espaço para alimentação, passam menos tempo em ócio. Aguardar a ordenha pode implicar em maior tempo de descanso (deitada) e, por consequência, em redução do risco de claudicação. 

Também demonstramos que qualquer problema na forma de caminhar do animal representa consequências para o sistema de ordenha automatizado. Vacas claudicantes têm mais ordenhas involuntárias, o que significa que alguém na fazenda precisará encaminhá-las para a ordenha com maior frequência – e elas ainda produzem menos leite. Em apoio a essa premissa, no atual estudo, comprovamos que cada aumento de 10 pontos percentuais na prevalência de claudicação clínica está associado à queda de 2 kg na produção de leite/vaca/dia. Em geral, esses resultados destacam a importância de espaço adequado de cocho não apenas para fazendas convencionais, mas também para fazendas com sistemas de ordenha automatizados.


AREIA NA CAMA

Características estruturais relacionadas à provisão de ambientes confortáveis e limpos também estão associadas à maior produtividade e menor contagem de células somáticas (CCS) do rebanho. Especificamente, em fazendas nas quais são usadas cama de areia (26,4% das analisadas), as vacas produzem, em média, mais 2,1 kg de leite/dia e há redução de 36.744 células somáticas por mililitro, em comparação às vacas alojadas em camas com substratos orgânicos. 

 A saúde do úbere favorecida pela cama de areia está ligada ao aumento da duração do repouso (quando estão disponíveis baias higienizadas e em tamanho adequado) e à redução do risco de claudicação, os quais também podem conduzir ao incremento da produção de leite. 

Em nossa análise, dos 75 subconjuntos de fazendas, demonstramos que o uso de areia está associado à redução de 9,3 pontos percentuais na prevalência clínica de claudicação, em comparação ao observado nas fazendas nas quais camas orgânicas são utilizadas. Além da menor produção de leite, cada aumento de 10 pontos percentuais na prevalência de claudicação clínica também está associado à ampliação de 23.391 células somáticas por mililitro. Dessa forma, nas fazendas que operam com sistema de ordenha automatizado, os resultados ressaltam a importância do uso de camas dimensionadas adequadamente e preenchidas com areia, para a maximização da produção e da qualidade do leite obtido. 

Considerando que a limpeza dos tetos antes da ordenha nem sempre pode ser feita de forma tão completa no sistema automatizado – em comparação à limpeza e desinfecção manual –, recomenda-se que a manutenção dos galpões receba ainda mais atenção. Isso inclui a garantia da limpeza das baias, pistas de caminhada e equipamentos de ordenha. 

O sucesso no sistema de ordenha automatizado depende de muitos fatores. Embora o manejo das dietas desempenhe papel substancial nesse contexto, diferentes características do manejo e do alojamento também se mostram fundamentais. Garantir o adequado acesso ao alimento disponível no cocho, bem como às áreas de descanso limpas e confortáveis resulta em benefícios aos animais e ao produtor. Essas ações permitem que as vacas otimizem os tempos de alimentação e descanso, além de minimizarem o risco de claudicação e melhorarem as ordenhas voluntárias, numa clara promoção do incremento produtivo e da qualidade do leite nas fazendas que adotam o sistema de ordenha automatizado.


ABRIL 2022, VOLUME: 167, Nº 6 PUBLICAÇÃO ORIGINAL: “WHAT WORKS BEST FOR COWS MILKED WITH ROBOTS”. EDIÇÃO DE ABRIL DE 2022 DA HOARD’S DAIRYMAN. 

REPUBLICAÇÃO AUTORIZADA DA EDIÇÃO DE ABRIL DE 2022, DA HOARD’S DAIRYMAN. COPYRIGHTS 2022 BY W.D. HOARD & SONS COMPANY, FORT ATKINSON, WISCONSIN. ADAPTAÇÃO: EQUIPE REVISTA LEITE INTEGRAL.  


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