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Manejo, Sanidade

Uso do pedilúvio com HoofCare® 10% para controle da dermatite digital em vacas leiteiras

Uso do pedilúvio com HoofCare® 10% para controle da dermatite digital em vacas leiteiras

A dermatite digital (DD) é uma das doenças podais com maior prevalência na bovinocultura de leite, sendo descrita como uma lesão infecciosa altamente contagiosa na pele digital dos bovinos, decorrente de diversos fatores. Estima-se perda de US$132,96 para cada caso de DD, equivalente, em 2022, a R$736,60, mesmo nos casos sem claudicação evidente. Essas perdas incluem redução na produção de leite, redução da capacidade produtiva das vacas leiteiras, custos com tratamento e descarte do leite e, em alguns casos, custos com descarte precoce da vaca. Para controlar a doença nos rebanhos, a melhor estratégia é a prevenção. 

A principal medida de controle e prevenção é o pedilúvio, sendo o de passagem o mais utilizado no Brasil, embora existam diversos tipos de aplicação do modelo. O pedilúvio consiste em um recipiente que contém alguma solução desinfetante, comumente instalado nos corredores de entrada ou saída da ordenha, com o intuito de desinfetar os cascos dos animais. Por permitir o manejo em grande escala, é utilizado de forma rotineira para a prevenção da DD e demais doenças podais. 

Tendo em vista a demanda por produtos que provocam baixo impacto ambiental e o crescimento do mercado orgânico, diversas substâncias estão sendo pesquisadas para a utilização em pedilúvio, em detrimento daquelas usualmente utilizadas, como o sulfato de cobre e o formaldeído, que resultam em resíduos ao meio ambiente e possibilitam o número médio de passagens de apenas 120 a 150 vacas por solução. Por esses motivos, um estudo foi conduzido para avaliar a eficácia do HoofCare® a 10% no pedilúvio, para o controle da DD em vacas leiteiras, bem como determinar o número adequado de passagens de vacas por solução preparada.


Protocolo do pedilúvio 

Na Fazenda Colorado (Araras/SP), 2200 vacas em lactação foram submetidas ao protocolo de passagem em pedilúvio com HoofCare® 10%. O protocolo foi realizado três vezes por semana (às segundas, quartas e sextas-feiras), uma vez ao dia, no momento da saída da ordenha matinal, durante dois meses consecutivos. Os animais foram avaliados quanto à ocorrência de DD e, ao serem constatadas, as lesões foram classificadas de acordo com a gravidade: Grau 1 (leve) e Grau 2 (grave).  

Uma semana após a instituição do protocolo de pedilúvio, foi possível observar persistência do Grau 2 em 89,5% das vacas acometidas com DD. Assim, optou-se por iniciar o tratamento individual em todas lesões Grau 2, em associação ao pedilúvio. O tratamento consistiu no pincelamento com HoofCare® três vezes por semana, em dias alternados ao de passagem no pedilúvio (terças, quintas e sábados), uma vez ao dia, durante a ordenha matinal. 

Trinta dias após o início do protocolo, foi possível observar redução considerável do número e da gravidade das lesões, incidentes em Grau 2 em apenas 19,6% das vacas. Nesse momento, optou-se por cessar o pincelamento individual e permanecer apenas com o pedilúvio, nas mesmas frequência, diluição e número de passagens anteriores. As análises da presença da DD foram realizadas em oito momentos durante a ordenha matinal, sempre pelo mesmo avaliador, a fim de minimizar variações por subjetividade. 

A eficácia do pedilúvio com HoofCare®10% para prevenir e controlar a DD foi determinada pela comparação da prevalência e a incidência antes e após a instituição do protocolo de passagem. A prevalência refere-se à porcentagem de animais com DD no rebanho lactante, enquanto a incidência considera a porcentagem de casos novos no rebanho que, anteriormente, não apresentava a doença. 

Conforme é possível observar na Figura 1, houve redução progressiva tanto da prevalência quanto da incidência dos casos de DD no rebanho submetido ao pedilúvio, o que confirma a eficácia do protocolo proposto. As Figuras 2 evidenciam a evolução das lesões classificadas em Grau 2.


A recomendação da frequência de passagem no pedilúvio aplicado como medida preventiva de doenças podais nos animais confi nados é três vezes por semana. Como o rebanho avaliado era alojado em sistema Free-stall, o protocolo testado incluía a passagem no pedilúvio três vezes por semana, em dias alternados. No entanto, o protocolo adotado deve considerar a situação da DD no rebanho, ou seja, a prevalência da doença, a ocorrência de surto, entre outras condições. Em caso positivo para surto, pode ser necessário incorporar protocolos de ataque mais agressivos inicialmente, antes de adotar o modelo sugerido no estudo. 

Embora o pedilúvio com HoofCare® 10% tenha se mostrado eficaz para a prevenção da DD, é necessário lembrar que a prática é indicada para o controle e a prevenção da doença, não para tratamentos de lesões ativas de DD. Por esse motivo, as vacas que tiverem a apresentação clínica da afecção podal devem ser identificadas e tratadas individualmente, conforme feito nos primeiros 30 dias do estudo, por exemplo. 

O HoofCare® possui forte aderência ao casco, o que permite a ação hidrorepelente e impermeabilizante por mais tempo, de forma a proteger os cascos da umidade, um dos fatores de risco ao desenvolvimento da DD. Assim, ao utilizar o pincelamento associado à forma diluída no pedilúvio, potencializa-se a ação dos compostos contidos no HoofCare®, reduzindo o tempo de tratamento, bem como a propagação da doença no rebanho.


O pH do pedilúvio 

Amostras da solução do pedilúvio foram coletadas a cada 50 passagens de vacas, desde a preparação da solução até a passagem da última vaca (M0, M50, M100 ..., M727). Após análise laboratorial do pH, foi possível observar que o pH da solução de pedilúvio com HoofCare® 10% manteve-se dentro dos valores recomendados, ou seja, inferior a 5,0, em todo o período de realização do experimento (Figura 3).  

Embora 727 passagens ainda estejam no limite descrito em literatura, recomenda-se a avaliação física da solução de HoofCare® a 10%, tendo em vista que o acúmulo de matéria orgânica na solução é variável. 

O número de passagens de vacas em pedilúvio com HoofCare® é superior ao recomendado por outros produtos usados na rotina, como o sulfato de cobre 5%, o que é justifi cado pelo ácido cítrico contido no HoofCare®. O ácido cítrico é usado nas indústrias alimentícia, farmacêutica, cosmética e química, em função de sua alta capacidade para controlar o pH das soluções ácidas, como as soluções de pedilúvio. Além desse potente estabilizador, o produto contém cloreto de zinco e citrato de cobre, minerais essenciais ao crescimento e fortalecimento do casco. Ademais, o óleo essencial de melaleuca, também presente na fórmula, age como forte antisséptico, antimicrobiano e anti-inflamatório. Dessa forma, o HoofCare®, além de proporcionar a estabilidade da solução por mais tempo, mesmo na presença de material orgânico, favorece o desenvolvimento de cascos mais forte e saudáveis. 


REFERÊNCIAS 

AHMED, I. H.; SHEKIDEF, M. H. Incidence and Management of Bovine Claw Affections and Their Economic Impact: A Field Study on Dairy Farms. Journal of American Science, v.8, n.6, p.46-61, 2012. 

CHA, E.; HERTL, J. A.; BAR, D.; GROHN, Y. T. The cost of different types of lameness in dairy cows calculated by dynamic programming. Preventive Veterinary Medicine, v.97, n.1, p.1-8, 2010. 

EVANS, N. J.; MURRAY, R. D.; CARTER, S. D. Bovine digital dermatitis: current concepts from laboratory to farm. The Veterinary Journal, v.211, n.1, p.3-13, 2016. 

MENDONÇA, A.P.A.; TEODORO, P.H.M.; SILVA, J.R.B.; MOURA, R.B.R.; RAVETTI, R.; RODRIGUES, C.A. Effectiveness of Hoofcare® in the Treatment of Digital Dermatitis in Dairy Cows. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.4236251. 

PRASTIWI, A.; OKUMUŞ, Z.; HAYIRLI, A.; ÇELEBI, D.; YANMAZ, L.E.; DOĞAN, E.; ŞENOCAK, M.G.; ERSOZ, U. Effectiveness of copper sulfate solutions in footbaths in dairy cattle. Atatürk 

University Journal of Veterinary Sciences. v.14, n.3, p.238-245, 2019.




ANA PAULA ABREU MENDONÇA - FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA – FMVZ - UNESP, BOTUCATU/SP 

RAYMIS BRUNO ROSA MOURA - FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA – FMVZ - UNESP, BOTUCATU/SP 

PIERO HENRIQUE MIRANDA TEODORO - SALMIX INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, PIEDADE, SP RENATO RAVETTI SALMIX INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, PIEDADE/SP 

CELSO ANTONIO RODRIGUES - FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA – FMVZ - UNESP, BOTUCATU/SP  


 

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